Entrevista Punkyhead
01. Como a música eletrônica tomou você?
R: Antes de qualquer coisa, agradeço o espaço e a oportunidade.
Sou amante de boa música desde sempre, ouvia muito rock e algumas coisas que bebiam do hip hop, acho que como todo DJ freqüentava festas e raves, e em meados de 96/97 comecei a tomar gosto por sons mais alternativos criados na época, denominados “big beats”, uma mistura louca de beats quebrados com baterias quase acústicas e uma infinidade de influências que iam do dub/reggae ao rock psicodélico dos anos 70. A partir daí, comecei a pesquisar sons, adquirir material próprio, comprar equipamentos de segunda-mão e me apresentar em festas de amigos. Acho que isso foi o ponto crucial, daí em diante foi um lance gradual, aquela boa e velha busca incessante pelo mundo da música também contribuiu muito. Como influência cito artistas como Jack Dangers, Afrika Bambaataa, Death In Vegas, Alec Empire, Kurtis Mantronik, Front 242, DJ Icey, Monkey Mafia, Cut La Roc, Beastie Boys, Richard David James, Sex Pistols, Run DMC, Freestylers, e mais recentes como Aquasky, Freq Nasty, Drumattic Twins, Rennie Pilgrem e Backdraft.02. Como era a cena eletrônica de campinas quando tudo começou pra você?
R: A cena eletrônica em Campinas é uma adolescente comparada à cena de São Paulo por exemplo. Muitos clubes na cidade deixaram de existir nos últimos 10 anos, clubes que de certa forma deram o ponta pé inicial e contribuíram para a evolução da cultura local. Ao final dos anos 90, núcleos começaram a mexer seus pauzinhos e despontar como motivadores diretos da cultura eletrônica na região, em destaque o Fuzu-e (responsáveis pelo Clube Kraft) com raves e festas open air de ótima qualidade sonora e profissional, sempre atraindo o público com artistas de destaque. Os projetos temáticos sempre me atraíram, me direcionavam ao que sempre gostei, procurei e consumi. Isso foi um diferencial da cena em Campinas comparando com as demais, claro que todas tiveram suas importâncias dentro da cena nacional e principalmente local, mas o pequeno espaço que conseguíamos era sempre uma motivação para fazer mais e melhor. Não participei desde o início de muitas coisas que aconteceram, mas acredito que cada uma teve sua importância para o que conhecemos hoje e principalmente para o que damos valor e acreditamos ser o correto.
03. Como foi a luta para trazer o breakbeat para campinas?
R: Teoricamente não era para ser tão difícil para o público absorver e entender o estilo. Rico em influências e misturas, tudo que o brasileiro adora. Quem não gosta de hip hop e drum’n bass? Alguns odeiam, mas todos respeitam. O breakbeat tem um lado positivo e único, sua presença constante em outros estilos, isso ajudou muito o fortalecimento e reconhecimento nacional. Em Campinas com certeza, não foi diferente de qualquer outro lugar do mundo, são fases e momentos que passamos por cima e mostramos que além de ser um dos primeiros estilos a cair na graça da cultura eletrônica vive forte e atual.
04. Como é o público hoje em dia nas suas festas?
R: Nas festas e projetos que geralmente promovo ou participo diretamente como divulgador ou apenas como DJ, procuro sempre direcionar o conteúdo para diversos públicos. O estilo que geralmente focamos nos permite essa transição entre outros ouvidos, é a melhor forma de conhecer novos sons e opiniões. Electrorock, hip hop, drum’n’bass, house e outros estilos também muito peculiares nos dão uma visão externa se o trabalho que estamos fazendo está bem direcionado ou apenas queremos fazer barulho e ser apenas mais um. São públicos exigentes e sabem o que querem ouvir, é um desafio, ás vezes nos damos bem ás vezes não. No modo geral, tudo que foi feito nos últimos anos serviu pra mostrar que existem opções e que tendências não nos direcionam a lugar algum e sim nos limita.
05. Fale um pouco do Projeto Krek
R: A KREK é uma das noites mais animadas do Kraft e da região, nela podemos encontrar techno lovers, houseros e o pessoal do hip hop, resumindo, é a noite que uni tribos e opiniões, isso acontece justamente pelo excesso de influências sonoras que a noite proporciona, é uma noite “rica”. Fazemos tudo com muito amor, aproveitamos o ambiente amistoso para proporcionar uma noite gostosa com o que tem de melhor no cenário. Considero o projeto entre as maiores festas do gênero no Brasil, eu não tenho dúvida, além disso, é a mais antiga em atividade com 4 anos sem perder o foco, não parece muito, mas para quem conhece o “mercado” sabe que os projetos vêm e vão como a própria noite. Não encaramos a KREK como mais uma noite que acontece dentro da programação do clube, é uma festa, uma festa mensal que muitos esperam ansiosamente pelo dia. Queremos educar as pessoas, passar novos conceitos, novos sons e tudo isso sempre se encaixa com algumas batidas desconcertantes e um público receptivo. Méritos ao próprio clube que cedeu o espaço e acreditou no projeto, não esquecendo dos promoters que sempre dão o melhor de si, e claro, os artistas que por lá passaram e agregaram muito ao Kraft e à KREK, só para citar alguns; Afrika Bambaataa, Godfather, Assault, Jerome Hill, Disco D, Marky, B Negão + Turbo Trio, Snoop, Roots Rock Revolution, Rubyroxx, Magal, Mau Mau, Andy, Phantazma, Luiz Pareto, Camilo Rocha, Nepal, Nedu Lopes, Murphy, Fabio F, Frajola, Charlie B, Nego Moçambique, MS Jay, Marcelo K2, Bart, Julião, George Actv, Schild… entre outros!!!
06. E o seu selo Anarchy in the Funk? Qual o foco para o futuro?
R: O Anarchy in the Funk foi criado em parceria com os DJs e produtores Marcelo K2 e Tuca Flash aka Br Groove. A idéia inicial era apenas lançar nossas produções para o mundo e também de outros artistas que quisessem contribuir para fortalecer ainda mais a cena nacional. Por isso abrimos o leque musical o máximo possível sem perder o conceito e a proposta do label que são as batidas quebradas. Sabemos que muitos produtores excelentes se escondem por trás da mesmice que se tornou o cenário nacional e com eles suas produções. Essa era a idéia inicial, mas vimos que poderíamos muito mais com uma ferramenta como essa em mãos, unir ainda mais os amantes e entusiastas do estilo, agregar à cena e aos nossos projetos paralelos e de uma vez por toda dizer que estamos aqui!! O presente se encarregará do futuro!
07. Algum comentário que gostaria de deixar?
R: Só queria agradecer a todos que comparecem em nossas festas, a galera que prestigia e entende a mensagem que passamos.
O que eu posso dizer é que enquanto a cena estiver crescendo assim com gente querendo por a mão na massa e fazer seu som pra quem quiser ouvir a coisa vai rola.
Parabéns Punkyhead.
Links de Punkyhead:
Homepage –www.punkyhead.com.br
Myspace – www.myspace.com/punkyheadsound
Selo Anarchy in The Funk – www.myspace.com/anarchyinthefunk